quarta-feira, 2 de junho de 2010

Volta às aulas nas escolas estaduais de Minas não é definitiva


Após 48 dias em greve, servidores da rede estadual firmam um acordo com o governo do estado e interrompem a paralisação.
A decisão de retomar as atividades partiu do acordo assinado entre o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), e o Governo de Minas, no início da noite da última terça-feira.
Os professores reivindicam entre outros benefícios, a implantação do piso salarial de R$ 1.312,85 por uma jornada de 24 horas semanais.

Foram muitas as tentativas do governo de tentar acabar com a paralisação, como ameaçar mandar professores grevistas embora, cortar a folha de pagamento, e até mesmo colocando o caso na justiça. O processo judicial já havia representado duas derrotas para os professores. Primeiro o desembargador, definiu a greve como ilegal, porque segundo ele a educação seria um serviço essencial. Foi estabelecido pelo desembargador o pagamento de R$10.000 de multa por dia de greve, sendo posteriormente o valor estendido para R$30.000 por dia. E foi concedida ao governo autorização para o Governo contratar substitutos para os grevistas.

Os professores, no entanto não concordaram com a decisão e mantiveram a greve, como explica Sérgio Henrique Moraes, professor da escola estadual Antonio Eufrásio de Toledo em Paraisópolis: “quando é um serviço publico essencial está estabelecido na constituição de 1988, a educação não entrava nesse eixo.”

Mesmo após todas as tentativas do Governo em coibir a greve, os servidores mantiveram a posição: “os professores começaram a greve e quem vai acabar com a greve também são os professores”.

Na terça-feira, dia 25 de maio, após a Assembléia que durou cerca de 6 horas, o Governo apresentou um documento assinado pela secretária de estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, constando as seguintes propostas: criar uma comissão para viabilizar da reivindicação da classe, fez um acordo de não corte na folha de pagamento dos funcionários, e nenhum tipo de retaliação contra os professores, e ainda se comprometeu a entrar na justiça com pedido de retirada da ação contra o Sindicato. O Sindicato havia sido multado em R$190.000, ou seja, a ação seria retirada e o dinheiro devolvido.
Sérgio Henrique ressalta a importância da greve, e os benefícios: “surgiram novas lideranças, cada região, cada cidade, há grupos de professores, pessoas que estão prontas para agir, caso o governo negue alguma coisa, foram fundadas novas sedes do sindicato entre outros benefícios, faltava isso para a classe, uma certa união.” “Essa foi a maior adesão à greve da historia dos professores em MG”.
Tendo em vista o grande número de adeptos à greve, Sérgio lembra: “O Estado chegava a falar que havia apenas 10% de escolas paradas, se tivesse apenas 10% ele não tinha negociado, ninguém conversa com 10%, conversa com 70%”.

O governo tem 20 dias para apresentar a proposta, e mais 10 dias para que seja aprovado, somente então será elaborado o calendário de reposição das aulas.
No dia 5 de julho, uma nova Assembléia está prevista e o Professor afirma: “uma recusa do governo, e provavelmente a gente entre em greve de novo”.
E finaliza com uma frase muito citada durante as reuniões: “O trabalho de muitos, descaso de alguns e uma vitória de todos.”

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