terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Impasse do transporte escolar em Paraisópolis é resolvido


Após um início de ano letivo conturbado, o problema envolvendo o corte de alguns setores do transporte escolar feito pela Prefeitura de Paraisópolis, foi resolvido. Pedidos legítimos de pais se misturaram à reclamações sem fundamento o que gerou uma briga entre munícipes e executivo. Em pouco tempo, discussões ganharam às redes sociais, chegaram às ruas, ao gabinete e até à Câmara Municipal da cidade.
O primeiro sinal de insatisfação com o corte, que segundo a secretaria de educação, Fábia Faria, consistia apenas na exclusão das linhas que transportavam os alunos das escolas estaduais no perímetro urbano, se deu no dia seis de fevereiro, quando algumas pessoas se reuniram e seguiram em manifesto até o Paço Municipal. O fato é que uma série de novas reclamações se juntou a essa. Na ocasião, representantes do movimento foram ouvidos por Donizete Carvalho secretário de administração, vereadores e o advogado da prefeitura.
No dia sete, uma reunião entre os manifestantes, a prefeita Sílvia Renata, a secretária Fábia Faria, vereadores e a inspetora de educação de Itajubá, Sandra foi realizada na sede da secretaria de educação.
Até esse momento a situação do transporte havia sido definida por zonas. Ou seja, cada aluno possuiria transporte escolar gratuito até a escola mais próxima de sua residência, ou para os residentes na zona rural de Paraisópolis. Essa medida foi adotada para conter os gastos com o setor que chegava a R$300 mil mensais. Segundo da prefeita, Sílvia Renata, o valor ultrapassa os gastos com a folha de pagamento completa da educação. O fato é que alguns pais não querem ou não gostariam de mudar os filhos de escola, o que impede a utilização do transporte.
É caso de Rosana da Silva, mãe de três filhos sendo que dois estudam no Bueno: “não tenho condições de mudar meus filhos para o monsenhor, trabalho no centro”, explica. Outra mãe, Adriana Ferraz, trocou o filho de nove anos de escola e a criança não aceitou a mudança: “quando deram a notícia ele chorou tanto que a professora da sala vizinha, comovida foi lá fora consolá-lo”, lamenta ela.
De acordo com a inspetora a única verba destinada ao transporte escolar proveniente do Estado é apenas é direcionada aos alunos da zona rural. Estudantes da zona urbana não dispõem desse benefício.
O vereador Ademar Guimarães, confirma que por lei o município não tem obrigação de fornecer o transporte para alunos dentro do perímetro urbano: “porém há 20 anos esse serviço é ofertado, não é correto um corte desses de uma hora para outra”. Uma mãe, revoltada ao ver os filhos e vizinhos do Residencial Paraíso caminharem sozinhos até o centro diz: “veja quantas quadras foram construídas, meu filho vai estudar na quadra? Peço menos quadra e mais escolas em nossa cidade”, desabafa.
Alguns pais e vereadores até mesmo apontaram superioridade de ensino da escola municipal Bueno de Paiva para a Monsenhor Sebastião José Vieira. Porém, em contrapartida a essa afirmação, a secretária Fábia expôs as notas das duas escolas na Prova Brasil de nível federal: Bueno – 6,3 e Monsenhor 6,5. Com relação a estrutura física, Sílvia garante que melhorias virão, e que o prédio realmente merece mais atenção. Sobre a carga horária dos alunos, ambas são feitas em conjunto e possuem o mesmo nível didático. 
O caso do corte no transporte para alunos de cursinhos e do Conservatório é irreversível. Porém os próprios alunos com auxílio da secretaria estão montando grupos para locarem o transporte particular.
Diante das insatisfações e inúmeros pedidos de revisão do corte no transporte, a prefeita Sílvia solicitou aos vereadores presentes: Lauro, Ademar, Maura, Valdir, José Afonso e Sebastião uma revisão das rotas: “estou disposta a conversar”. Porém, a única exigência é que seja algo bem montado para que não haja exceções: “o que ficar definido, será cumprido, nem um metro a mais nem a menos”, explica.
Na segunda-feira, dia 10 de fevereiro, pais, alunos e simpatizantes da causa, lotaram as cadeiras da Câmara Municipal. E após muita discussão, e pressão popular, o transporte volta a funcionar com algumas mudanças, como explica a secretária de educação Fábia Faria: “Nós otimizamos as linhas trocando terceirizados por carros da frota, organizamos as linhas que faziam 10km passaram para 2km sem perder os pontos, gerando uma economia para os cofres públicos e o tempo de permanência das crianças dentro dos carros”. Além disso, ela afirma que o transporte nunca deixou de existir como foi disseminado: “O único trajeto que havia acabado era das escolas estaduais na zona urbana e agora vai ser reiniciado nos pontos extremos da cidade: Residencial, Boa Vista, Lavapés e loteamento Veríssimo, para os alunos de seis aos nove anos devido a idade.”, garante. O trajeto será feito nos intervalos das escolas municipais, não gerando novas contratações. Todos os veículos possuem monitor.
Outro ponto citado durante as discussões foi com relação ao transporte da APAE: “Temos também um veículo a disposição da APAE com motorista e monitor”, afirma Fábia.
Fábia diz que o maior problema foram as informações desencontradas: “as conversas geraram insegurança na população tumultuando o início do ano letivo e obrigando muitos pais a levarem seus filhos a pé por acreditarem nas mentiras deixando de usar o transporte”, diz.
Para finalizar ela reafirma que há transporte para a escola mais próxima, mas, isso não impede que os pais optem por outra escola: “Se querem matricular o filho em escolas distintas serão responsáveis pelo transporte”.


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