Após um início de ano letivo
conturbado, o problema envolvendo o corte de alguns setores do transporte
escolar feito pela Prefeitura de Paraisópolis, foi resolvido. Pedidos legítimos
de pais se misturaram à reclamações sem fundamento o que gerou uma briga entre
munícipes e executivo. Em pouco tempo, discussões ganharam às redes sociais,
chegaram às ruas, ao gabinete e até à Câmara Municipal da cidade.
O primeiro sinal de insatisfação
com o corte, que segundo a secretaria de educação, Fábia Faria, consistia apenas
na exclusão das linhas que transportavam os alunos das escolas estaduais no perímetro urbano, se deu no dia seis de
fevereiro, quando algumas
pessoas se reuniram e seguiram em manifesto até o Paço Municipal. O fato é que
uma série de novas reclamações se juntou a essa. Na ocasião, representantes do
movimento foram ouvidos por Donizete Carvalho secretário
de administração, vereadores
e o advogado da prefeitura.
No dia sete, uma reunião entre os
manifestantes, a prefeita Sílvia Renata, a secretária Fábia Faria, vereadores e
a inspetora de educação de Itajubá, Sandra foi realizada na sede da secretaria
de educação.
Até esse momento a situação do
transporte havia sido definida por zonas. Ou seja, cada aluno possuiria
transporte escolar gratuito até a escola mais próxima de sua residência, ou
para os residentes na zona rural de Paraisópolis. Essa medida foi adotada para
conter os gastos com o setor que chegava a R$300 mil mensais. Segundo da
prefeita, Sílvia Renata, o valor ultrapassa os gastos com a folha de pagamento
completa da educação. O fato é que alguns pais não querem ou não gostariam de
mudar os filhos de escola, o que impede a utilização do transporte.
É caso de Rosana da Silva, mãe de
três filhos sendo que dois estudam no Bueno: “não tenho condições de mudar meus
filhos para o monsenhor, trabalho no centro”, explica. Outra mãe, Adriana
Ferraz, trocou o filho de nove anos de escola e a criança não aceitou a
mudança: “quando deram a notícia ele chorou tanto que a professora da sala
vizinha, comovida foi lá fora consolá-lo”, lamenta ela.
De acordo com a inspetora a única
verba destinada ao transporte escolar proveniente do Estado é apenas é
direcionada aos alunos da zona rural. Estudantes da zona urbana não dispõem
desse benefício.
O vereador Ademar Guimarães,
confirma que por lei o município não tem obrigação de fornecer o transporte
para alunos dentro do perímetro urbano: “porém há 20 anos esse serviço é
ofertado, não é correto um corte desses de uma hora para outra”. Uma mãe,
revoltada ao ver os filhos e vizinhos do Residencial Paraíso caminharem
sozinhos até o centro diz: “veja quantas quadras foram construídas, meu filho
vai estudar na quadra? Peço menos quadra e mais escolas em nossa cidade”,
desabafa.
Alguns pais e vereadores até
mesmo apontaram superioridade de ensino da escola municipal Bueno de Paiva para
a Monsenhor Sebastião José Vieira. Porém, em contrapartida a essa afirmação, a
secretária Fábia expôs as notas das duas escolas na Prova Brasil de nível
federal: Bueno – 6,3 e Monsenhor 6,5. Com relação a estrutura física, Sílvia
garante que melhorias virão, e que o prédio realmente merece mais atenção.
Sobre a carga horária dos alunos, ambas são feitas em conjunto e possuem o
mesmo nível didático.
O caso do corte no transporte
para alunos de cursinhos e do Conservatório é irreversível. Porém os próprios
alunos com auxílio da secretaria estão montando grupos para locarem o
transporte particular.
Diante das insatisfações e
inúmeros pedidos de revisão do corte no transporte, a prefeita Sílvia solicitou
aos vereadores presentes: Lauro, Ademar, Maura, Valdir, José Afonso e Sebastião
uma revisão das rotas: “estou disposta a conversar”. Porém, a única exigência é
que seja algo bem montado para que não haja exceções: “o que ficar definido,
será cumprido, nem um metro a mais nem a menos”, explica.
Na segunda-feira, dia 10 de
fevereiro, pais, alunos e simpatizantes da causa, lotaram as cadeiras da Câmara
Municipal. E após muita discussão, e pressão popular, o transporte volta a
funcionar com algumas mudanças, como explica a secretária de educação Fábia
Faria: “Nós otimizamos as linhas trocando terceirizados por
carros da frota, organizamos as linhas que faziam 10km passaram para 2km sem
perder os pontos, gerando uma economia para os cofres públicos e o tempo de
permanência das crianças dentro dos carros”. Além disso, ela afirma que o
transporte nunca deixou de existir como foi disseminado: “O único trajeto que
havia acabado era das escolas estaduais na zona urbana e agora vai ser
reiniciado nos pontos extremos da cidade: Residencial, Boa Vista, Lavapés e
loteamento Veríssimo, para os alunos de seis aos nove anos devido a idade.”,
garante. O trajeto será feito nos intervalos das escolas municipais, não
gerando novas contratações. Todos os veículos possuem monitor.
Outro ponto citado durante as discussões foi com relação ao
transporte da APAE: “Temos também um veículo a disposição da APAE com motorista
e monitor”, afirma Fábia.
Fábia diz que o maior problema foram as informações
desencontradas: “as conversas geraram insegurança na população tumultuando o
início do ano letivo e obrigando muitos pais a levarem seus filhos a pé por acreditarem
nas mentiras deixando de usar o transporte”, diz.
Para finalizar ela reafirma que há transporte para a escola
mais próxima, mas, isso não impede que os pais optem por outra escola: “Se
querem matricular o filho em escolas distintas serão responsáveis pelo
transporte”.
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