quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Único praticante de skyline em São Bento do Sapucaí fala de suas experiências com o esporte


É uma mistura de desespero e paz interna que alimenta a alma

Carlos Eduardo Lima, 23 anos, e praticante de skyline há três anos. O primeiro contato foi no Rio de Janeiro no Pico dos Cabritos um ano após conhecer o slackline. A semelhança entre os dois esportes é o equilíbrio sobre o elástico. O princípio é basicamente o mesmo, mas, o slackline é feito a poucos metros do chão. Enquanto o skyline é posicionado geralmente em meio a montanhas e centenas de metros mais alto.
A travessia de abismos sobre a linha está relacionada ao montanhismo. Os princípios éticos de vivência e as técnicas de montanha são empregados em todo ritual, desde a montagem do equipamento à travessia.
Até estar apto a praticar leva de três a seis meses. No primeiro dia de treinamento de Carlos Eduardo ele diz que e um amigo já praticante, montaram o skyline nas copas das arvores a cerca de 15 metros de altura. No dia seguinte seguiram para o Pico dos Cabritos em Copacabana: “Naquele momento eu me coloquei na obrigação de ficar em pé a 300m do chão em uma linha de 2,5 cm largura”. Ele caiu por três vezes ficando preso pelo sistema de segurança. Na quarta tentativa, caminhou por 27 metros: “desse momento em diante não consegui ficar mais sem abismo e sem skyline”.
Para ele, o principal motivo que o levou a se arriscar nesse esporte foi o fascínio pela natureza e a possibilidade de se relacionar amigavelmente com ela, respeitando-a e tendo como retorno a dádiva de poder a tocar e sentir de perto: “a sensação de estar se equilibrando na linha, com um abismo vazio em baixo é algo sem explicação, maravilhoso. Você sente tudo e nada ao mesmo tempo. Todos os medos e prazeres ao mesmo tempo. É uma mistura de desespero e paz interna que alimenta a alma”.
O skyline é uma brincadeira que não aceita erros. Um descuido pode causar sérios danos ou até mesmo levar o praticante a morte. O jovem lembra que quem decide iniciar o esporte tem que aceitar o risco imposto na atividade: “porém, isso não é para se assustar e sim para haver sempre coerência nas analises técnicas. É considerado um esporte de risco mas sendo feito conscientemente se transforma seguro.
Mesmo com três anos de prática, Carlos Eduardo ás vezes ainda é surpreendido: “já tive alguns momentos críticos que são aqueles que fazem a gente parar para pensar na vida e se perguntar: que eu estou fazendo aqui, ou UFAA essa foi por pouco”, conta.
O esporte se transformou em sua maior paixão: “é muito divertido, ele proporciona uma nova possibilidade de visão existencial, e mostra como é possível viver feliz, se relacionando com o simples”.

Ainda solitário, o esportista acredita no crescimento da modalidade. Como palco de suas aventuras, nada menos que a pedra do Baú localizada há 2100 metros de altitude. O elástico de Carlos Eduardo é geralmente montada a 200 do chão com vista para o cume.  

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