É uma mistura de desespero e paz interna que
alimenta a alma
Carlos Eduardo Lima, 23 anos, e praticante de skyline há três
anos. O primeiro contato foi no Rio de Janeiro no
Pico dos Cabritos um ano após conhecer o slackline. A semelhança entre os dois esportes é o equilíbrio sobre o elástico. O princípio é basicamente o mesmo, mas, o slackline é feito a poucos
metros do chão. Enquanto o skyline é posicionado geralmente em meio a montanhas e centenas de metros mais
alto.
A travessia de
abismos sobre a linha está relacionada ao montanhismo. Os princípios éticos de
vivência e as técnicas de montanha são empregados em todo ritual, desde a
montagem do equipamento à travessia.
Até estar apto a
praticar leva de três a seis meses. No primeiro dia de treinamento de Carlos
Eduardo ele diz que e um amigo já praticante, montaram o skyline nas copas das
arvores a cerca de 15 metros de altura. No dia seguinte seguiram para o Pico
dos Cabritos em Copacabana: “Naquele momento eu me coloquei na obrigação de
ficar em pé a 300m do chão em uma linha de 2,5 cm largura”. Ele caiu por três
vezes ficando preso pelo sistema de segurança. Na quarta tentativa, caminhou
por 27 metros: “desse momento em diante não consegui ficar mais sem abismo e
sem skyline”.
Para ele, o
principal motivo que o levou a se arriscar nesse esporte foi o fascínio pela
natureza e a possibilidade de se relacionar amigavelmente com ela,
respeitando-a e tendo como retorno a dádiva de poder a tocar e sentir de perto:
“a sensação de estar se equilibrando na linha, com um abismo vazio em baixo é
algo sem explicação, maravilhoso. Você sente tudo e nada ao mesmo tempo. Todos
os medos e prazeres ao mesmo tempo. É uma mistura de desespero e paz interna
que alimenta a alma”.
O skyline é uma
brincadeira que não aceita erros. Um descuido pode causar sérios danos ou até
mesmo levar o praticante a morte. O jovem lembra que quem decide iniciar o
esporte tem que aceitar o risco imposto na atividade: “porém, isso não é para
se assustar e sim para haver sempre coerência nas analises técnicas. É
considerado um esporte de risco mas sendo feito conscientemente se transforma
seguro.
Mesmo com três
anos de prática, Carlos Eduardo ás vezes ainda é surpreendido: “já tive alguns
momentos críticos que são aqueles que fazem a gente parar para pensar na vida e
se perguntar: que eu estou fazendo aqui, ou UFAA essa foi por pouco”, conta.
O esporte se
transformou em sua maior paixão: “é muito divertido, ele proporciona uma nova
possibilidade de visão existencial, e mostra como é possível viver feliz, se
relacionando com o simples”.
Ainda solitário, o
esportista acredita no crescimento da modalidade. Como palco de suas aventuras,
nada menos que a pedra do Baú localizada há 2100 metros de altitude. O elástico de Carlos Eduardo é geralmente montada a
200 do chão com vista para o cume.
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