O município de Paraisópolis é o único do sul de minas que
mesmo após 10 dias da eleição, não conhece quem irá ocupar a cadeira do
Executivo nos próximos quatro anos.
A situação foi ocasionada pelo indeferimento da
candidatura de Wagner Ribeiro de Barros do PSB, por
decisão da ministra Nancy Andrighi, na
véspera da eleição. O candidato venceu
nas urnas com 50 votos a mais que a segunda colocada Sílvia Renata
Teixeira Rodrigues do PT, mas até o momento está impedido
pela justiça eleitoral de assumir o cargo em 2013. Ele entrou com um recurso
junto ao Tribunal Superior Eleitoral. Wagner teve as contas de 2004 rejeitadas
pelo TCU Tribunal de contas da União, quando exercia o 3º mandato de prefeito
na cidade. O problema foi ocasionado por um atraso de 1.121 dias na prestação de contas que impediu o recebimento de verbas no
município por um período. O valor do repasse era de R$17.293,94 do Programa
Nacional de Apoio ao Transporte Escolar - PNATE.
Na ocasião o político pagou uma multa no valor de R$5 mil mais correções, mas,
após denúncia o nome do candidato a 4ª eleição acabou enquadrado na Lei da
Ficha Limpa, como aponta a lista divulgada no site do Tribunal de Contas da
União.
Wagão alega não ter
conhecimento da lista e afirma não ter causado danos aos cofres públicos. No processo de número 002.623/2007-4, divulgado pelo TCU, consta como defesa, que
o Departamento Municipal da Fazenda do Município não foi comunicado pelo FNDE,
ou pelo BB, sobre a abertura de conta e depósito dos recursos referentes ao
PNATE, tendo tomado ciência somente no final de 2005. Ainda de acordo com o
processo, fato de o Departamento não ter
tido ciência não desonera o Município de seus deveres.
Segundo os dados da apuração do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), a candidata Silvinha aparece como eleita com 5.856 votos válidos ou
91,09% da preferência, isso porque os votos do candidato Wagão que somam 5906, até
o momento não foram computados.
De acordo com o juiz eleitoral dr. Ediberto Benedito
Reis, a atual situação de Paraisópolis é indefinida perante a lei: “não há um
eleito” e reafirma “o candidato Wagner foi o mais votado nas urnas, mas sua
candidatura está impugnada”. A decisão passou primeiro por suas mãos, seguindo
para Belo Horizonte e agora encontra-se em Brasília. O juiz diz que a expectativa é que o resultado seja anunciado dentro
de um mês, porém caso até o dia 1º de janeiro não haja um parecer, quem assume
temporariamente a prefeitura é o atual presidente da câmara dos vereadores.
Dependendo da decisão, os 5906 votos de Wagner poderão
ser anulados ou contabilizados, definindo assim, quem assume a administração de
Paraisópolis.
Enquanto aguardam a posição da justiça eleitoral, ambos
os candidatos com a possibilidade de assumir o Executivo no que vem defendem o
diálogo com o povo e a democracia.
Wagner diz ter se candidatado por um “pedido do povo”.
Ele está tranquilo com a decisão e indignado com a postura adversária que
segundo ele teria objetivado denegrir sua imagem política custando a ele de
1500 a 2000 votos a menos no pleito.
A candidata Silvinha, define sua candidatura como
corajosa, “é a realização de um sonho”. Para ela, a atual situação será
resolvida da melhor maneira possível e que “o adversário político encontra-se
nessa situação, por livre escolha e o povo não pode pagar por isso”, afirma.