A greve das universidades federais completou três meses na
última sexta-feira (17) no Sul de Minas e segue sem acordo entre governo e
professores. Do total de 59 universidades, 57 aderiram à paralisação, além dos
37 institutos, centros de educação tecnológica e o Colégio Pedro II. Apenas a
Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e a Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN) não aderiram ao movimento. Porém, o início do semestre foi
adiado devido à greve dos servidores.
A defasagem de funcionários impossibilita a realização de
vários serviços básicos, como a manutenção de salas, banheiros, biblioteca,
pagamentos de bolsas, internet, além de os institutos não conseguirem manter
seus laboratórios com os técnicos atuais.
O início das aulas estava previsto para o dia 6 de agosto,
mas apenas a pós-graduação retomou as atividades. Uma reunião foi marcada para
discutir o assunto e ficou determinada a volta às aulas para o dia 27 de agosto.
Pedro Paulo Gonçalves, aluno de Física
da UNIFEI, está aliviado com a notícia: “a greve dos servidores técnico
administrativos afetou bastante o funcionamento da universidade”. Ele conta que
serviços mais básicos, deixaram de ser feitos e o estado do campus ficou
deplorável: “ouvi que está tudo sujo, não se encontram as chaves das salas, não
há pincéis, apagadores, materiais para os professores ministrarem as aulas e os
laboratórios estão todos fechados”, lembra o aluno.
Durante o período de greve, o governo
apresentou duas propostas e fechou um acordo de reajuste salarial com uma das
entidades docentes, a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições
Federais de Ensino Superior (Proifes). No entanto, as outras duas entidades docentes
– o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino (Andes) e o
Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Tecnológica
(Sinasefe), que iniciaram o movimento de greve – não aceitaram a proposta.
Por parte do governo federal as negociações estão encerradas
e a exigência é para que os grevistas retornem às atividades e planejem um
cronograma de reposição de aulas. Em contrapartida, Andes e Sinasefe pedem que o diálogo seja reaberto. Uma carta foi
enviada à presidente Dilma Rousseff pedindo novas negociações. Enquanto
os órgãos não acertam um acordo, algumas universidades votam o fim da greve.
Para Helloana Barbosa, estudante de farmácia da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), sem aulas desde o dia 17 de
maio, a sensação é de vida parada. “Não tenho como planejar nada, já era para
eu estar no 7º período, mas nem terminei o 6º”, conta ela. Helloana, assim como
milhares de outros alunos, teme perder o semestre por conta da greve.
Até o momento, a estudante não teve notícias da volta às aulas. “Na
faculdade ninguém comenta nada. O que dá a entender é que está tudo normal, mas
não está”, explica. Apesar dos prejuízos causados, ela se diz favorável à
greve, pois acredita ser a única maneira de pressionar o governo, porém não concorda
com a forma que a negociação é conduzida. “Os dois lados estão irredutíveis,
não há acordo e com isso a greve continua e nós, estudantes, estamos cada vez
mais prejudicados”, argumenta a aluna.