A Campanha da Fraternidade de 2012 tem como tema “Fraternidade e Saúde”. O tema foi lançado no dia 22 de fevereiro, quarta-feira de cinzas, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O lema da campanha é “Que a saúde se difunda sobre a terra”.
A Campanha da Fraternidade é realizada no Brasil desde 1964 pela Igreja Católica Apostólica Romana. Anualmente, a igreja seleciona um tema de interesse coletivo e procura envolver toda a sociedade durante a Quaresma, período entre o carnaval e a sexta-feira Santa, em que os católicos praticam ações para ajudar o próximo assim como fez Jesus, segundo o catolicismo.
Ao abordar a saúde pública, a igreja tem como objetivo fazer com que o povo e as autoridades competentes reflitam sobre os desafios que o país possui neste setor. O Padre Agenor Roberto da Silva, da paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Camanducaia, afirma que o tema escolhido é muito pertinente.
A CF de 2012 tentará refletir o cenário da saúde no Brasil, conscientizando o Governo da precarização de condições dos hospitais e mobilizando a sociedade civil para reivindicar melhorias.
O Padre Agenor Roberto da Silva, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, considera corajosa a escolha do tema principalmente por se tratar de um assunto que aflige a população.
Ele não considera o assunto uma crítica ao governo, mas sim uma forma de mostrar que a saúde depende de todos e afirma: “não podemos imaginar apenas hospitais e postos de atendimento, porque a saúde está também em uma alimentação saudável e na prática de exercícios”, afirmou o padre.
Edvaldo Ribeiro Souza de 28 anos está no Seminário Arquidiocesano de Pouso Alegre desde 2006. Formou-se em Filosofia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre e hoje ele cursa o 3º ano de Teologia. O religioso afirma que a determinação do tema foi propícia: “vê-se certa urgência na melhoria no Sistema Único de Saúde (o SUS), com relação ao seu justo funcionamento, o qual deveria levar saúde para todos”. Além disso, acredita que a CF seja um meio de divulgação da promoção de uma vida mais saudável, o que engloba tanto o campo econômico quanto o campo político e/ou o educacional e afirma: “para que a saúde se difunda sobre a terra (Eclesiástico 38,8), é importante que não só os governantes sejam conscientizados, mas, principalmente, a população”, comenta.
Edvaldo relembra o texto base da Campanha que aponta melhoras nos indicadores de saúde de nosso país. Mas ainda há aproximadamente 16 milhões de pessoas que não têm o atendimento necessário. Ele acredita que a escolha do tema não é uma crítica ao governo e sim ao sistema e a ideologias excludentes, que não buscam o progresso
O seminarista faz dele as palavras de Dom Dimas Lara no lançamento da CF 2012: “a CF não traz respostas prontas, mas vem alertar aos nossos governantes para que percebam e ajam com relação à precariedade do sistema público de saúde, além de alertar a população e levá-la a reivindicar melhorias. É uma via de mão dupla”.
Essa não é a primeira CF que trata sobre a questão da saúde. Em 1981 teve por tema “Saúde e Fraternidade”, contribuindo para a reflexão em âmbito nacional do conceito mais ampliado de saúde. Coincidentemente ou não, Edvaldo lembra que sete anos depois, em 1988, foi criado o SUS (Sistema Único de Saúde).
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