Sílvia Renata Teixeira Rodrigues (PT) obteve 5.856 votos nas eleições de
outubro em Paraisópolis – 50 votos a menos do que o primeiro colocado nas urnas,
Wagner Ribeiro Barros (PSB). Porém, o candidato e ex-prefeito conhecido como
Wagão teve a candidatura indeferida às vésperas do pleito e foi impedido de
assumir o cargo devido à rejeição das contas públicas de seu mandato em 2004 pelo
Tribunal de Contas da União (TCU). A rejeição das contas caracteriza improbidade
administrativa e enquadra o candidato na Lei da Ficha Limpa.
Antes das eleições, o
candidato indeferido teve seu registro de candidatura negado em primeira
instância na comarca e recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em Belo
Horizonte, onde cinco juízes votaram contra seus recursos. Ainda no TRE, Wagão
entrou com embargos declaratórios e perdeu por unanimidade. Wagner entrou ainda
com recurso junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou novamente o
pedido em Brasília, no dia 21 de novembro. A decisão dá à petista Sílvia o
direito de assumir a Prefeitura em 2013. A diplomação da nova prefeita de
Paraisópolis está prevista para o dia 7 de dezembro.
O que tornou possível, em Paraisópolis, a união de PT e PSDB,
rivais na política estadual e nacional há quase duas décadas?
Sílvia – O principal motivo é o
bem de Paraisópolis. São dois partidos sérios e bastantes participativos na
política nacional. Tínhamos pensamentos e objetivos em comum, queríamos dar
continuidade a uma administração séria, organizada, planejada e honesta, por
isso o PT e o PSDB de Paraisópolis se uniram. PT e PSDB são vistos na política
nacional de maneira antagônica, mas aqui não, aqui têm objetivos em comum.
Como você lida com a questão de a parcela da população que
teve seus votos anulados reclamar de falta de democracia?
Sílvia – Algumas coisas vêm
naturalmente. Foi uma situação inusitada o que aconteceu em Paraisópolis e eu a
tratarei como trataria se tivesse tido 100% dos votos. Vou fazer uma
administração para todos, preocupada com os problemas do município, não
verificando as pessoas que possivelmente não votaram em mim. No entanto, a
situação aqui de Paraisópolis, a situação da Lei da Ficha Limpa, para mim não
foi surpresa alguma e esperaria que o povo também verificasse dessa maneira. A
democracia brasileira não foi deixada de lado em Paraisópolis. A Lei da Ficha Limpa,
com mais de 5 milhões de assinaturas – inclusive eu assinei – foi colocada na Constituição.
Então a democracia não deixou de existir em Paraisópolis, ela foi um exemplo para
a democracia brasileira, que hoje espera políticos com a ficha limpa.
A senhora já escolheu o secretariado que irá compor o seu
governo?
Sílvia – Já estou com uma equipe
de transição, independentemente de trabalhar ou não nos departamentos já
existentes no município, mas que já está trabalhando comigo voluntariamente,
mas com muita dedicação e competência. A partir do diagnóstico, vou sentar,
organizar, fazer um organograma baseado no meu modo de administrar e poderei
colocar as pessoas que eu considero ideais em cada local.
Qual será o carro-chefe de sua administração?
Sílvia – A demanda durante a
campanha que eu percebi, onde estão os maiores pedidos e reclamações do cidadão
de Paraisópolis, são emprego e saúde. Então, com certeza, esses dois pontos
serão bastantes trabalhados em minha administração, não deixando de lado os
demais. Tem muita coisa para ser olhada. Hoje estou conhecendo a dimensão de
tudo isso. A transição está sendo muito importante porque eu estou, além de
aprendendo, tomando conhecimento de toda essa problemática de uma administração
pública. Mas, [para cumprir] o que eu prometi em todos os meus discursos, a
partir do dia 1º de janeiro estarei 24 horas à disposição de Paraisópolis,
trabalhando com afinco.
0 comentários:
Postar um comentário