O projeto da criação de uma ‘UTC’ em Paraisópolis faz parte do programa ‘Minas sem lixões’, desenvolvido pelo governo do estado para apoiar os municípios na implementação de políticas públicas, voltadas para a gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos.
A usina de triagem e compostagem de lixo têm como principal objetivo reduzir a quantidade de resíduos sólidos destinados a aterros sanitários e formar uma cooperativa gerando renda aos integrantes.
A obra já foi iniciada e seu valor é de R$493.510,42. O terreno escolhido para a construção da usina fica no bairro dos ‘Coqueiros’.
Foi concedida à prefeitura uma licença prévia de instalação concomitante e com o término das obras previsto para dezembro de 2011 será concedida a licença de operação, após vistoria.
O autor do projeto é Francisco Osvaldo Prado Teixeira, Engenheiro agrícola pós-graduado em meio ambiente e recursos hídricos. Ele explica que ele juntamente com, Carlos Alberto Venésio Gomes, técnico em vigilância sanitária e fiscal de posturas da prefeitura municipal, buscaram uma solução viável para o município para solucionar os problemas de saneamento. Utilizando a usina de Campo Belo como exemplo, conseguiram a aprovação da obra em dezembro de 2008.
Uma das exigências para a liberação de verba junto ao governo do estado foi a junção entre os municípios de Paraisópolis e Gonçalves, sanando o problemas de ambas com a construção da usina.
O atual lixão de Paraisópolis no bairro dos Carneiros está ativo há 18 anos e já não comporta a demanda de resíduos produzidos. Segundo Carlos Alberto a produção de lixo chega a 10 toneladas diárias.
O novo local tem o mesmo tamanho em mt², a diferença é que a área de aproveitamento é maior e está dentro das normas ambientais. Isso porque o lixão atual não atende as normas ambientais legais e fica em meio a mata, com características de unidade de preservação (Área de Preservação Permanente – APP). Há cerca de 200m do local de triagem do lixo encontra-se o curso de um riacho, sendo que por lei a distância mínima é de 300m e uma indústria de produto alimentício (fábrica de polvilho) ao lado do terreno.
A separação do lixo orgânico e inorgânico é comprometida no lixão visto que a coleta seletiva na cidade é defasada. Funcionários contam que muitas vezes o lixo considerado produtivo para eles e que poderia ser reciclado é desperdiçado e misturado ao lixo orgânico.
Geraldo Carlos técnico em vigilância sanitária explica que com a criação da nova unidade dará destinação adequada a cada tipo de lixo e a ideia é aproveitar ao máximo os resíduos.
Para isso a UTC contará com no mínimo mais 15 funcionários que farão parte de uma associação. Hoje o trabalho de separação é feito por apenas sete funcionários.
A prefeitura recebeu informação de que alguns funcionários contratados para fazer o serviço de coletagem do lixo por uma empresa terceirizada estariam separando alguns resíduos para eles, tirando o trabalho e sustendo dos funcionários do lixão.
Donizete Carvalho assessor gabinete da prefeitura, explica que tem conhecimento do ocorrido e afirma que o responsável pela empresa contratada pela prefeitura já notificou os funcionários da prefeitura.
Outras irregularidades podem ser constatadas no local, como a presença de gado em meio ao lixo e a escassez de aterro. Segundo técnicos da vigilância o aterro do lixo deve ser feito ao menos uma vez por semana, mas funcionários contam que a última vez que o caminhão levou terra tem pelo menos três semanas. A exposição do lixo por um longo período pode causar danos às vezes irreversíveis ao meio ambiente, além de atrair insetos transmissores de doenças e proliferar parasitas.
Os técnicos, Geraldo Carlos e Carlos Alberto contam que nos anos de 1998 e 1999, Paraisópolis tinha uma UTC e possuía uma coleta seletiva exemplar chegando a aproveitar 100% do lixo orgânico. A unidade teve fim em 2002 por questões políticas.
Para obter-se um resultado significativo, os envolvidos no projeto esperam contar com total adesão da população. O trabalho de conscientização e separação do lixo em casa terá início em breve no município. E para finalizar o autor do projeto Francisco Osvaldo diz: “lixo é dinheiro”.